We drink to die, we drink tonight...


3:13 a.m. Naquela altura, já havia desistido de completar o seu copo, afinal, era bem mais prático tomar diretamente da garrafa. Johnny Walker era a sua única companhia naquela madrugada. O gosto amargo não se fazia mais presente, a bebida descia com tamanha suavidade, que já esvaziava o que restava de sua segunda garrafa. Um cigarro com filtro molhado de uísque pendia de seus lábios, desfazendo-se em cinzas que caiam sobre a sua camisa. Nenhum trago, enquanto aguardava pacientemente que alguém atendesse o telefone do outro lado da linha. Já havia tentado tantas vezes, sem perder a esperança. A janela escancarada permitia que o ar gélido invadisse o âmbito, atingindo a sua tez com mil agulhadas. Não importa, a saudade doía mais. Após chamar algumas vezes, o telefone caiu na caixa postal. Esperou o bip. - Eu estou... Hm... Deixa pra lá. - Desligou. Estava com saudades, era isso que ia dizer. Sabia que não ouviria aquela mensagem, sabia que não se importaria com as ligações. Atirou o celular surrado com a maior força que pôde e observou o mesmo se chocando contra a parede manchada. O amor era mesmo destrutivo.

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