Deixei
as venezianas abertas, desejando que um pouco de esperança
adentrasse por aquelas fendas. A caneca vazia jazia sobre a mesa.
Havia tomado até a última gota de desapego. Porém, ainda me sinto
atrelada a você. E o relógio. Bom, acho que tenho uma certa
obsessão por relógios. Ou por tempo. O ponteiro dos segundos
caminhava preguiçosamente, o dos minutos recusava-se a se mover. As
horas... Me recuso a falar das horas. O tempo me castigava o
suficiente. Encarei os retratos na parede, nossos sorrisos enfeitando
nossos rostos. Como se a felicidade pudesse durar pra sempre,
congelada em uma imagem. Melancolia. Não gosto de dias assim. Na
realidade, não gosto mais de nada. Desde que você se foi, perdi a
vontade de tudo. Me sinto cheia... Cheia de vazio. A apatia me
acompanhou durante esses dias. Resumi o mundo ao meu quarto. Vivendo
entre versos e fotografias, com uma única certeza; saudade. Essa
monotonia em que sua ausência me deixou é tão enfadonha. Onde está
meu antidepressivo? Preciso dormir.
Infinito.
08:30 |
Ficou na janela um tempão. Passou gente, passou carro, só o tempo que não. Nem a saudade que assolava o seu peito. Contentou-se em ficar ali, estática, como uma rosa enraizada em um jarro distante da luz. Sem esta luz, não podia crescer, nem estender os seus galhos, nem ao menos fortificar os seus espinhos. Murchou, ficou marrom e as pétalas caíram. Nem água quis. E ela permanecia na janela. Passava gente, passava carro, mas os minutos congelaram-se no infinito.
Assinar:
Postagens (Atom)