Se apaixonar é algo estúpido. Tão
estúpido, que caso se tratasse de algo opcional, escolheria apenas apaixonar-me
por mim mesma, todos os dias. O amor é burro em suas ações. Uma vez dominado
por esse sentimento, o indivíduo torna-se incapaz de pensar primeiramente no
seu bem estar. Vivendo um altruísmo ilusório. Se houvesse reciprocidade ao pé
da letra, tudo seria compensado em uma relação dupla, como uma espécie de
mutualismo animal, onde ambos os envolvidos dependiam fortemente um do outro.
Mas nunca é assim. Sempre há um desequilíbrio. Sempre há mais amor em um lado
da balança.
06:25 |
É
tão exaustivo ficar longe de você. Como se a semana se estendesse
ao infinito. Parece cliché, mas eu poderia jurar que os ponteiros
estavam se arrastando. Até praguejei por acreditar que seria um
relógio defeituoso. Porém, defeituosa mesmo sou eu, quando você
não está. Nada funciona.
Just hope that you are on my side, my dear...
06:08 |
Remexeu-se na cama sem muita vontade de levantar. Era assim todas as manhãs. Havia alguma força gravitacional que a trazia para a posição horizontal entre os lençóis. De cara, já soube que aquele seria um dos dias em que ela poderia dedicar-se inteiramente ao ócio. Acendeu o visor do celular, enganando a si mesma, fingindo olhar a hora, quando na realidade só queria checar se havia uma mensagem. Sem sucesso. Sentiu o ar comprimir-se em seus pulmões e os olhos encheram-se de um líquido denso, o qual ela enxugou com demasiada pressa, como se alguém pudesse chegar a qualquer momento. Mas estava sozinha. Como sempre estivera. Talvez esta fosse a razão para tamanho desânimo. Estava vivendo aquele medo humano de ser esquecido. Aquela sensação dilaceradora de estar ficando para trás. Era como um entalo doloroso, somado à algo imaterial pressionando suas têmporas. O esquecimento era o pior castigo. Ela não queria estar em segundo, terceiro ou quarto plano. Queria ser lembrada, queria ser amada. Queria engolir o nó em sua garganta e respirar confortavelmente. Tateou a mesa de cabeceira até encontrar uma cartela de comprimido e pôs a última pílula branca por entre os lábios. Desistiu de deglutir, apenas virou-se de lado. Pôs-se a ouvir There's Too Much Love, de Belle & Sebastian, fazendo uma prece mental para que tudo aquilo não passasse de TPM.
The waves keep on coming and we cant escape...
16:04 |
Pensei
ter encontrado em você a segurança que faltava em mim. E então eu
simplesmente vejo que nós somos tão iguais. Nós estamos perdidos,
nesse barco. Por mais claras que sejam as águas desse oceano, nós
não sabemos o que se esconde nas profundezas. Você me diz que está
tudo bem. Eu acredito, enquanto sinto sua mão na minha. Mas quando o
calor da sua pele não mais me aquece, é como se eu fosse afundar em
qualquer momento. Porém, de algum modo, eu tento me convencer que
você sempre vai estar no mesmo barco. Não tenha medo, garoto. Deixa
que terei medo por nós dois. Seja coragem, seja força, seja fé,
seja amor. Seja quem você quer ser e eu vou te amar, sob todas as
circunstâncias.
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