We drink to die, we drink tonight...


3:13 a.m. Naquela altura, já havia desistido de completar o seu copo, afinal, era bem mais prático tomar diretamente da garrafa. Johnny Walker era a sua única companhia naquela madrugada. O gosto amargo não se fazia mais presente, a bebida descia com tamanha suavidade, que já esvaziava o que restava de sua segunda garrafa. Um cigarro com filtro molhado de uísque pendia de seus lábios, desfazendo-se em cinzas que caiam sobre a sua camisa. Nenhum trago, enquanto aguardava pacientemente que alguém atendesse o telefone do outro lado da linha. Já havia tentado tantas vezes, sem perder a esperança. A janela escancarada permitia que o ar gélido invadisse o âmbito, atingindo a sua tez com mil agulhadas. Não importa, a saudade doía mais. Após chamar algumas vezes, o telefone caiu na caixa postal. Esperou o bip. - Eu estou... Hm... Deixa pra lá. - Desligou. Estava com saudades, era isso que ia dizer. Sabia que não ouviria aquela mensagem, sabia que não se importaria com as ligações. Atirou o celular surrado com a maior força que pôde e observou o mesmo se chocando contra a parede manchada. O amor era mesmo destrutivo.

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Vazio.


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Artigo Simplório

Como afirma minha irmã, Jessica Sombra, quem escreve não deseja recordar, e sim, olvidar. Contudo, no mar de lembranças no qual navego, por vezes, é possível avistar faróis, em meio a tanta obscuridade. E foi quando o Moacir Morran (@moacirmorran) proferindo um magistral comentário iluminou a minha tarde de quarta-feira, via e-mail. Em assim sendo, compartilho a aurora com meus prezados leitores:



A moça que me roubou a noite

Nas primeiras chuvas de janeiro, vi uma menina que tecia sonhos com uma sintaxe enxuta e palavras desnudas. Vi suas marcas de guerra e os mesmos fantasmas que lhe afligem, morando no meu sótão. Não há quem não mergulhe nas suas implicações e não acorde com uma puta ressaca, querendo vomitar no banheiro. Por vezes, se comporta ácida, ou melhor, “ácido nitroso”. Mas a sutileza e a suavidade de seus discursos ostentam uma maturidade que não se vê nos seus olhos. Quem é essa menina ou moça que se esgueira na onda inaudita da internet? Com textos miúdos, mas deveras hercúleos, capazes de levar à lona Muhammad Ali no primeiro round. Ao mesmo tempo em que arrebata!

Ela, sem ver nem pra quê, roubou-me a noite e, agora, sinto uma vontade lúbrica de me extasiar nas engrenagens de seus textos; esquecer-me por um instante e vislumbrar outro mundo possível.

O que virá do âmago dessa menina ou moça? Será algo tão surpreendente quanto a sua visão lúcida e madura? Aguardo ansioso, esperando que mais uma vez ela carregue minha noite!”

Moacir Morran

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