Nothing...

Ser. Eu queria ser. Como uma alma livre, nesse imensa e profunda lacuna. É um vazio negro, tão escuro que não posso ver um palmo além de meu nariz. Não tem como saber o que será. Não tem como dizer o que me espera no segundo seguinte. Só me resta ser. Sem saída, sem objetivos. Apenas ser. Deixando que o vento leve minha alma em qualquer direção. Deixando que eu escale altas montanhas e caia em profundos abismos. Já não sinto dor. Nem prazeres. Apenas esse vazio negro. O que esperar? O que almejar? Só sei que existo, e continuarei existindo até não mais saber de nada. E virarei nada.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Querido amor anônimo...


Sinto um aperto no peito, uma vontade de vomitar meus sentimentos e inundar toda a casa com essa bagunça que está dentro de mim. E depois, pegar a mochila e o violão e deixar tudo para trás. Seguir minhas vontades. Atravessaria o país. A pé, se preciso fosse, em busca de meu amor. Ao encontrá-lo, milhares de beijos e abraços seriam pouco, para uma vida que planejei ao seu lado. Sorrisos, lágrimas, surpresas, café e poesia Como em um filme preto e branco, onde nada importa, se não amor. E mesmo que eu nada tivesse, eu teria você. Seria o suficiente. E mesmo que nada desse certo, que o mundo estivesse contra nós, eu sei que ainda teria você. E, tendo você, eu posso deixar de ter todas as outras coisas, menos o medo de que um dia não seja mais meu. Esteja comigo, meu querido amor anônimo, e assim terei a certeza de felicidade.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Epílogos e finais.


Deixei as venezianas abertas, desejando que um pouco de esperança adentrasse por aquelas fendas. A caneca vazia jazia sobre a mesa. Havia tomado até a última gota de desapego. Porém, ainda me sinto atrelada a você. E o relógio. Bom, acho que tenho uma certa obsessão por relógios. Ou por tempo. O ponteiro dos segundos caminhava preguiçosamente, o dos minutos recusava-se a se mover. As horas... Me recuso a falar das horas. O tempo me castigava o suficiente. Encarei os retratos na parede, nossos sorrisos enfeitando nossos rostos. Como se a felicidade pudesse durar pra sempre, congelada em uma imagem. Melancolia. Não gosto de dias assim. Na realidade, não gosto mais de nada. Desde que você se foi, perdi a vontade de tudo. Me sinto cheia... Cheia de vazio. A apatia me acompanhou durante esses dias. Resumi o mundo ao meu quarto. Vivendo entre versos e fotografias, com uma única certeza; saudade. Essa monotonia em que sua ausência me deixou é tão enfadonha. Onde está meu antidepressivo? Preciso dormir.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

Infinito.

Ficou na janela um tempão. Passou gente, passou carro, só o tempo que não. Nem a saudade que assolava o seu peito. Contentou-se em ficar ali, estática, como uma rosa enraizada em um jarro distante da luz. Sem esta luz, não podia crescer, nem estender os seus galhos, nem ao menos fortificar os seus espinhos. Murchou, ficou marrom e as pétalas caíram. Nem água quis. E ela permanecia na janela. Passava gente, passava carro, mas os minutos congelaram-se no infinito.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

It's just that it's delicate,


Deitou-se tarde, naquela noite. Ainda assim, não tinha sono. Levantou-se por algumas vezes, tomou água e leite quente, comeu alguns biscoitos e voltou para a cama. Duas, duas e meia. Não dormiu. Era uma espécie de angústia, que parecia não querer passar. O telefone tocou, era ele. Coração agrediu violentamente a caixa torácica. Atendeu, tentando manter a voz firme. Eles conversaram sobre os dia, sobre filmes, sobre livros e desenhos animados.

- Senti saudades. - Ele disse. Ela tremeu. Era só disso que precisava saber, para fazer com que qualquer coisa valesse a pena. Era isso que precisava ouvir, para fazer o desfecho de seu dia. Foi então que soube que seu problema nunca foi insônia, era apenas saudade. Que ele era a sua doença e sua cura. Ela soube, desde então, que precisava dele, nem que seja para alimentar esperanças idiotas. Ele fazia planos para os dois, do outro lado da linha, ela só se preocupava em ouvir a sua voz e perder-se em devaneios. Imaginava a todo segundo o momento em que eles se veriam. E, mal podia esperar pela sensação daquelas braços envolvendo-a. Ansiava por um beijo, em que sentiria aquele gosto de nicotina e cafeína. Se alguma vez ele errou, ela nem lembrava mais. Dormiu bem o restante da noite, não precisou de Paroxetina. A única “ina” que importavam agora, era a nicotina e cafeína de seu beijo, que era o melhor ansiolítico que tivera o prazer de experimentar.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS