It's just that it's delicate,


Deitou-se tarde, naquela noite. Ainda assim, não tinha sono. Levantou-se por algumas vezes, tomou água e leite quente, comeu alguns biscoitos e voltou para a cama. Duas, duas e meia. Não dormiu. Era uma espécie de angústia, que parecia não querer passar. O telefone tocou, era ele. Coração agrediu violentamente a caixa torácica. Atendeu, tentando manter a voz firme. Eles conversaram sobre os dia, sobre filmes, sobre livros e desenhos animados.

- Senti saudades. - Ele disse. Ela tremeu. Era só disso que precisava saber, para fazer com que qualquer coisa valesse a pena. Era isso que precisava ouvir, para fazer o desfecho de seu dia. Foi então que soube que seu problema nunca foi insônia, era apenas saudade. Que ele era a sua doença e sua cura. Ela soube, desde então, que precisava dele, nem que seja para alimentar esperanças idiotas. Ele fazia planos para os dois, do outro lado da linha, ela só se preocupava em ouvir a sua voz e perder-se em devaneios. Imaginava a todo segundo o momento em que eles se veriam. E, mal podia esperar pela sensação daquelas braços envolvendo-a. Ansiava por um beijo, em que sentiria aquele gosto de nicotina e cafeína. Se alguma vez ele errou, ela nem lembrava mais. Dormiu bem o restante da noite, não precisou de Paroxetina. A única “ina” que importavam agora, era a nicotina e cafeína de seu beijo, que era o melhor ansiolítico que tivera o prazer de experimentar.

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2 comentários:

Davidson disse...

Muitas vezes precisamos de tal confissão, saudade dói e talvez ou quase sempre precisamos saber que o outro também sente. De fato pode acabar por se caracterizar como doença algo que te ilude e que te angustia pela sua falta. Mas existem coisas que nem o amor cura. Umas poucas palavras bastam. Belo Post :)

Marcelo Araujo disse...

Arrasou. De certa forma sinto-me parte de tudo isso. Incrível como me identifiquei tanto.