Eu sempre vivi em busca da terra do nunca... Um lugar mágico e sem fim, onde as ideias brotam como lindas flores e os pensamentos são admirados, por mais sonhador que seja o pensante.
Eu sempre vivi em busca da terra do nunca... Mágico e admirado, um lugar perfeito. Sem preconceitos ou distinção. Onde apenas o nascer seria motivo para viver, onde o pensar seria sinônimo de agir. Onde até os mais incautos teriam opinião. As mentiras, desnecessárias em suma existência, seriam apenas más lembranças.
Eu tive que esquecer a terra do nunca... Lugar esse que comecei a esquecer, ele nunca bateu com a realidade. Apenas fruto de um delírio, ideias fúteis e egoístas de um lugar acima da realidade. A terra do nunca se quebrou, como um espelho contra o chão, mas não me trouxe azar, apenas ganhei tristeza. A minha sonhada terra perfeita foi esquecida, culpa da bebida alucinógena que é a vida real.
Eu esqueci a terra do nunca... Finalmente, cresci por obrigação, esqueci o meu sonho, irreal e tolo. Tornei-me um alguém maior. Um triste alguém maior. Pensei que não mais encontraria minha fantasiosa terra imaginaria, mas estava, mais uma vez, enganado. Sim! Eu não sabia que tudo que procurava (toda a terra do nunca) estava escondido em um olhar, um simples e simpático olhar.
Eu finalmente encontrei a terra do nunca! Eu a desenhei em seus olhos, tirando as cores do lindo sorriso que os acompanha. Percebi que era fácil inventar e ainda mais criar. Vi meus pensamentos tomarem formas e tudo ao meu redor fluir. Percebi que o perfeito não é impossível e que o mágico, por mais autêntico que seja, é simples e comum. Eu vi que a simplicidade presente naqueles olhos me servia como manto. Vi a aceitação brotar daquela fonte inesgotável.
Eu encarei a terra do nunca... Senti-a tomar conta de mim. Enxerguei seu mais puro existir, um existir tão simples e perfeito que a filosofia era imprestável para desvendá-lo. A terra do nunca foi me apresentada como uma visão. Uma magnífica e linda visão: SEUS OLHOS.
Porém, novamente fiquei sujeito a um ápice de duvidas. Como viver naqueles olhos? Como decorar aquele sorriso? Então, mais uma vez, me vi sem saída. Afinal, como algo tão perfeito e complexo poderia existir através de algo tão comum? E por que apenas nos seus olhos?
Eu entendi a terra do nunca... Eis que a resposta era muito simples. A minha terra do nunca era apenas uma pintura em mente e, como todo artista, estava apenas esperando a tela certa. Então, eu encontro algo em você para servir de tela, dois belos olhos. Sem definições, apenas perfeitos.
Eu perdi a terra do nunca... Mas a minha resposta era apenas vocês, você e mais ninguém. Porém o “você” é muito perfeito, e se não quiser ficar ao meu lado, eu tenho que entender. Apenas direi para o resto da minha vida: eu te amo.
Rogerio Galdino